quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Vitor, meu querido amigo.

A minha cabeça estala.
São as contas de subtracção da Madalena, as sequências com divisões, as unhas, a alimentação correcta, o exercício.
É a Susana, o perscutar o seu silêncio, a persistência em não deixar que ela deixe as luzes acesas, as cuecas, toalhas e papel higiénico no chão. Que não ponha o portátil em cima de almofadas se não, sobreaquece. É ouvi-la falar sobre a matéria e sobre o que quer seguir.

As minhas amigas não entendem isto, acham que sou rica, que vivo de rendimentos e, que tenho uma empregada todo o dia.
Ainda andam às aranhas com casamentos que já morreram há muito. Infedilidades, álcool, mentiras.

Três livros ao mesmo tempo.
Duas grandes conclusões.
A primeira , e eu sou um exemplo vivo, é a de que " quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga". De facto com psicoterapia, podemos prosseguir na vida em vez de parar. Depois da extremamente difícil tarefa de nos conhecermos por dentro quando éramos pequeninos, de tomarmos consciência das culpas e dos medos, conseguimos prosseguir. Viver fazendo escolhas e opcções.
Muitos param . Aprendem a viver no seu canto, com tiques, e atitudes e comportamentos de auto defesa para não saírem da atmosfera de medo , culpa e complexos, ambiente esse que já lhes é familiar embora doloroso. Outros param doutro modo. Matam-se.
A segunda, é a de que, já no caminho do prosseguimento da vida, sempre a crescer e a modificarmo-nos, a raiva e a vingança, dão lugar à compaixão e amor e isso dá uma paz e alegria que se pode fácilmente espalhar.

Como no teu funeral.

Eu cheguei-me ao teu sogro, à tua mãe, à tua irmã, à tua filha Sara, à tua filha Catarina, à tua cunhada. À tua ex mulher, que não merecia o que fizeste. Uma grande mulher. Por isso te suicidaste. Sabes que ela prosseguirá na vida.

De ti senti mágoa, portaste-te mal , deixando uma culpa injustíssima à tua mulher e filhas.
Só porque não te resolveste.
Tu não percebeste a tua inquietude, que precisavas de um pai, que não tiveste.

Tb senti raiva de ver aquele montão de flores nojentas, despejadas em cima de ti, como uma escavadora. E das pessoas, já tão crescidinhas, mas, que não conseguem chegar ao pé das pessoas, são ainda pequeninos, embora tenham já idades perto dos 50 anos.

Adeus, eras meu querido amigo. Agora já não sei. Raios te partam.

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