A tensão é enorme, a ansiedade tolhe-nos e quem pode refugia-se ainda mais em casa.
Nesta quadra que representa a familia, tantas duvidas me assolam que prefiro continuar a crer com força que o que move os humanos é sobretudo o apelo da propagação das espécies.
Há coisas que testemunho que me deixam desorientada. Como é possível um pai amar uma filha, a madrasta abraça-la cheia de saudades e, no mesmo instante , decidirem que o pai deve deixar de pagar a pensão acordada em tribunal, apelar às elevadas despesas que têm e propor, sem duvidas, passar a dar 200 euros à mãe das filhas, para custear a cabeça desse ser pequeno e muito amado.
Gastei 560 euros para contestar esta enormidade. Só porque há uma inveja sem par. Que feio. Que triste. E, neste Natal, choveram Wii, pulseiras de prata, tudo do bom e do melhor, nessa casa cheia de despesas. Digo eu, isto é um bom pai?
Não. Primeiro que tudo é um homem, cheio de complexos de inferioridade e cheio de ódio para se vingar. É feliz? Não. É um sobrevivente, mascarado de pai de família, cheio de impulsos que ninguém imagina.
Porque continua a odiar-me. Porque por minha causa, teve que "refazer" a vida e, só eu sei como isso lhe custa.
Mais ninguém.
Ou talvez alguém já se tenha apercebido. E as minhas filhas são cada vez mais necessárias a "socorrer" esse refazido da vida. Por vários motivos. Que interessam. E é isto que leva a maior parte das vezes , duas pessoas a juntarem-se.
Porque já chegaram à idade de casarem e começa a ser insuportável a pergunta do costume, porque está na hora de darem um filho aos avós, porque têm segurança, podendo, viajar, ter uma boa casa e, finalmente voltar a ter uma vida social talvez diferente, não quer dizer melhor.
É assim.
As minhas filhas deviam ler o último livro da Rita Ferro, " A menina é filha de quem?", onde demonstra quão infelizes podem ser crianças criadas num ambiente em que os pais gritam todos os dias. Sobretudo porque o pai não liga à mulher.E então, em prol de muitos interesses, continuam casados e os filhos, sentem alguns alívios nas alturas em que estão com outros membros de familia e sobretudo amigos, escolas e professores, férias, onde se sentem mais calmos e felizes.
É isto o que a maior parte das famílias "oferece". Muitas vezes, salva-se o afecto entre irmãos, outras vezes o ódio vai aumentando proporcionalmente. Pior do que não ligar a nenhum dos filhos ou tratá-los mal de igual forma, é criá-los lançado infâmias de uns sobre os outros, para que a mãe ou o pai continuem a ser o porto de justiça.
Claro que nem todas as famílias são assim.
Acredito mais em famílias que não são todos do mesmo sangue. A família do café, a dos acampamentos, a do coro, a das amigas, a dos amigos, a dos pais dos alunos de uma escola, a das instituições, a família dos colegas da faculdade, do liceu, do trabalho.
Acredito nas minhas filhas.
Comungam às vezes muito mais, estes tipos de famílias.
É Natal. Comunguemos.