Dia horrivel de Inverno.
Lá fora a bruma, os carros contrariados a avançar. O vento assobia nas caixas dos estores.
Nós, dentro de casa mal falamos. O frio é muito. Custa despir os pijamas, custa lavar-nos , custa vestirmo-nos. As roupas estão frias.
O gato não pára de miar e quando tropeçamos nele lançamos um impropério surdo.
A nossa cabeça mantém -se baixa enquanto revemos todos os objectos que temos que levar.
Adeus, até logo mãe. Até logo filha. Havia tanto a falar com ela. Mas eu sei que só sairiam respostas tortas e secas. É melhor esperar pelo regresso a casa.
A minha Madalena sempre sorridente é a que dá alegria. Sorri, expectante.
Vamos filha, digo eu depois de lhe arranjar a lancheira e de pôr uma gema de ovo no gato pois não tinha mais nada.
-Mãe, ontem tive um pouco de medo aqui em casa enquanto não chegavas. Mesmo com a Susana e o gato.
-E os vizinhos? Não sentes que podias bater a qualquer porta aqui do prédio se precisasses?
- Ó mãe, à vizinha de cima?
-Sim , claro.É muito boa pessoa e ajudava-te logo.
- Mas ó mãe ela é maluca.
- É maluca , mas é boa pessoa.
A porta do elevador abre-se e saímos.
Pendurados na caixa da luz, estão umas cuecas fio dental de renda e um soutien transparente de renda preta e cor de rosa.
- Ó mãe olha isto!!! Ihihihihihi!
Sem falar, enfio-os rápidamente dentro da minha mala.
A Madalena olha para mim de olhos arregalados.
- Poisssss, devem ter voado da nossa varanda.
Raios, não devia ter saído do carro tão precipitadamente ontem à noite. E usar um saquinho para a próxima.
Ai, ai, ai ,ai, estou agora lembrar-me , a Susana saiu antes de mim..... raios!
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