terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O Processo

Na noite de Natal a minha irmã dizia " ai não não posso comer isso Nita, engorda muito , estou muito gorda".

"Então mas é tudo feito no forno, e cozido, não faz mal".

Depois de confessar que comia mais comida pré cozinhada e doces eu disse toda contente:

"Tás a ver? Nós cá em casa , somos pronto, assim, gordinhas mas comemos muita salada, fruta, e nada de sobremesas"

Uma voz fez-se então ouvir.

"Ouve mãe, estou farta. Farta que nos definas como 'gordinhas', nos definas assim para os outros de fora. Foi no dentista, "lá em casa somos míopes", foi com o zé no outro dia, olha tira essa última costoleta que nós somos anafadinhas e tu não és". Chega! Não tens nada de nos inferiorizar no sentido de te fazeres vítima. Como se fossemos umas pobres coitadas. Se TU és gorda di-lo mas não nos metas no mesmo saco!

Eu abri a boca e fui resmoneando , justificando, ora, pois se eu pensasse que isso era mau, nem dizia, etc, mas parei.

"Tens toda a razão filha. Não há justificação para eu fazer isso em conversas. Desculpa. A partir de agora não quero nunca mais dizer isso".

E tinha toda a razão. São fantasmas antigos. Medos de invejas. Porque o que eu quereria dizer é, nós alimentamo-nos bem, apesar de não sermos magrinhas, comemos muito bem. Talvez a quantidade pudesse ser menor.
Mas na verdade, acho que somos lindas.
Mas cada uma à sua maneira. Não vos posso meter no mesmo saco que eu.
Ao mesmo tempo, quando digo estas coisas, estou a livrá-las de culpas e a pô-las para mim. Mas tens razão. Não há razão. Nem para me culpar ou culpar seja quem for ou, para nos minimizar com medo de invejas.

Obrigada Susana por teres tido a abertura de me confrontares.

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