terça-feira, 17 de agosto de 2010

Vestir o hábito.

O meu irmão arranjou emprego. Estou muito feliz.

A minha grande, grande grande grande amiga, dizia, pois dão-lhes o subsídio de desemprego e olha para isto, fiacam a mandriar um ror de tempo.

Ela é médica e difícilmente a despedirão. Ele era director de uma fábrica de uma multinacional e fácilmente o despediram.

Eu sei, pois, ele é meu irmão. Mas... ponho-me no lugar dele. Fora desse lugar, criticava-o, ele está a envelhecer a embrutecer, devia aceitar qualquer coisa, mesmo que paguem muito menos que interessa.....

Mas....ponho-me no lugar dele. Ele é uma pessoa. Tem a sua formação. O seu gosto. O seu sonho. Foi errado segui-lo? Mesmo que isso implicasse esperar um ano? Claro sempre com a consciência da sobrevivência económica dele e da família.
Quem é que pode dizer seja o que for do meu irmão?????

Não. Ele é um exemplo. A seguir. E, de facto , não se podem pôr as pessoas todas dentro de um mesmo saco, como se fossem um grupo rotulado, classificado, identificado. Como maçãs. Ou amostras de sangue infectado. Porque são pessoas.

Há outros que são preguiçosos e vivem à custa do subsídio de desemprego? Há. E isso justifica , retirar o subsídio ou, atacar quem o recebe? Não.
Ora, sejam sinceros, vejam à vossa volta, mesmo em casa, na família, nos amigos, há tanta gente que conhecemos que vivem à custa dos pais ou dos conjuges ou de alguém, e que não fazem nada.

Também me questionei outra vez sobre o referendo do aborto. Eu sou totalmente a favor da legalização do aborto. Mas, como explicar àqueles de quem gosto, o porquê?. E, de facto, o que eles defendem também concordo. Mas, não deixo de ser a favor da legalização do aborto. Em Portugal, claro pois sou portuguesa e apesar de já não ter direito ao meu escudo, ainda vivo numa nação típicamente portuguesa.
Como o decidi?
Pus-me no lugar das mulheres que querem fazer abortos. Revi aquelas que levam porrada se o marido descobre que estão a tomar a pílula. Daquelas que estoiradas ou etilizadas se esquecem de tomar a pílula. Daquelas que claro , gostam e querem ter sexo, mas , já têm filhos que chegue e querem é criar como deve ser os que já cá estão e são uma realidade.

Não falei nos homens. Não consigo. Lá está. Aqui , não consigo pôr-me na pele deles. Dou-lhes tanta atenção como eles dão a uma mulher que no grupo deles está a falar de futebol.
Só daqueles que fazem parte de casais que tentam desesperadamente ter um filho e, por motivos de falta de fertilidade, consideram a concepcção, um milagre.

Lembro ainda restos da conversa, " a questão é, a mulher por abortar deve ser ou não presa? , esta é que é a questão. mas ora, nós sabemos que nenhuma era presa, por isso isto nem é questão".
É verdade, não sei de mulheres que tivessem sido presas. Iam ao estranjeiro, a enfermeiras conhecidas, a vizinhas, a conhecidas apenas, auto abortavam e, de facto, não eram presas. As que faleceram, essas então não foram presas concerteza. Aquelas que estavam grávidas e que levaram um pontapé nas costas e cairam pelas escadas abaixo, dessas também não sei.

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