sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Os buracos negros

Ele acha que o pai o amou "demais".
Esta frase é tão própria de quem é muito carente.... Então ele amou mulheres, umas atrás das outras. O pai levou-o da mãe, dizendo que precisava dele a seu lado como uma muleta.
Ele tirou um curso que o pai desdenhou. O pai entrava no quarto quando ele lá estava com a namorada da ocasião na cama. E sentava-se . E conversava. Depois o pai morreu, como já esperava que cedo sucedesse e, claro com o filho ao pé. Esse filho lá ficou ao vento numa terra detestável a chorar e sem nenhum ombro para chorar. Casou com aquela mulher que nunca desistiu dele. E a família dela acolheu-o como um filho mais. E ele continuou, mulher atrás de mulher, a tentar preencher aquele vazio horrivel. Do tamanho de um buraco negro. Sem fim. Ao mesmo tempo sabe que aquilo não está certo, quer desligar-se da que o acolheu mas não consegue. O medo é medonho. Do tamanho de um buraco negro. Mas durante este tempo todo , esta vida, vai sempre auto violentando-se. Ano após ano, mês após mês, dia após dia. Faz o que não quer , faz o que lhe pedem mas no fundo não gosta. Define-se como hedonista mas vai tendo os enfartes, um atrás do outro, por o corpo não aceita aquela antinatura. Até que vai morrer. Um dia destes. Ou há uma réstia de amor próprio ou então poderia pensar em ser feliz comigo.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ir à missa, estar na missa, ouvir missa.

Consegui perceber hoje o interesse de ir à missa. Não, não é só catrapiscar os rapazes.

É comungar.
Comungar das mesmas crenças, ter o mesmo gosto, prazer, numa actividade de grupo.

Foi o que senti nestas últimas andanças do coro. Fomos a Olhão, como faz parte da tradição do coro na época de Natal. A igreja é linda. Pequena, com imagens enormes quase do nosso tamanho e uma talha dourada magnífica e riquíssima. O som era divinal. a reverberação , como dizem os entendidos.

Mas o convívio ....deixou-me a pensar. De repente senti-me em família, falava e todos me entendiam. Falavam e eu entendia. Rimos até às lágrimas. E ajudámo-nos. Sem invejas. sem ambições.
Sem as crueldades, inevitáveis, próprias dos nossos familiares mais próximos.
Dormi com uma colega que nem conhecia e, numa cama de casal.
O êxito que tivemos, a ele já estou habituada. Aquilo soa mesmo bem, quando cantamos. Não há volta a dar.
Fui tão feliz nesse fim de semana.

Ter uma actividade fora da família e do trabalho é maravilhoso.
Sobretudo comungando com outras pessoas.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

a minha mãe e o meu pai

Ontem fiquei em pânico , achei demais uma semana e meia a Susana não estar completamente restabelecida da gripe. Primeiro fiquei com a cabeça como um capacete ( tensão alta) depois faltaram-me as forças nas pernas. Pensei. Calma. Deixa de ser a super mulher. Concentra-te no que interessa. Tinha acabado de receber uma notícia. Mais uma filha de um amigo meu que faleceu, esta com 24 anos, durante o sono. Telefonei à minha mãe. "Mãe, preciso que fique com a Madalena. Depois vou buscá-la. Tenho que ir com a Susana à médica". "Está bem filha, fica descansada".
Entretanto já com a Su no carro passei pela ginástica da Parede. Lá iam os dois, um velho muito jeitoso e com muita classe e a minha filha mais nova, linda, os dois de mão dada. Um coxeava, a outra saltitava. Apanhei-os na passadeira. O meu pai depois de eu apitar, não me reconheceu e puxou a Madalena porque não gostou muito que ela estivesse tanto tempo parada a falar com quem ele não conhecia. Chamei-o "Pai", e expliquei-lhe o que já tinha dito à minha mãe. "OK , disse ele, eu levo-a para minha casa". "Fica descansada". E lá fomos.
A Susana deve ter mononucliose. Hoje fui com ela fazer as análises e antes às 7.45h deixámos a Mádá na escola com a sua lancheirinha cheia. Adeus! Diverte-te! As melhoras Sushi!

O que vai ser de mim , sem os meus pais?

Concentra-te.

Ainda os tens.

E depois hás-de fazer bem e o melhor que sabes, também em memória e em honra deles.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

As invejosas

É.
Quando eu namorava o meu namorado ele era muita feio. Parecia monhé. ehehehehe.
Agora que me divorciei. Ahhhh o teu ex marido é cá um borracho!. Ahhh o meu cunhado é um homem muito atraente. Ah o teu ex depois de ter cãs ficou muito sexy.
Agora que estou muito feliz, sempre que arranjo um namorado..... ahhh pois, é uma cara vulgar filha, muito vulgar mesmo, ahhhh a filha morreu? ai, nem fales nisso Nita , por amor de Deus. Ah parece velho, não é ? , não é? , parece velho Nita.
Pois é pois é.
E agora juram a pés juntos que sempre acharam o meu ex marido lindíssimo e muito boa pessoa. Claro não era o que me diziam quando eu estava casada. Mas adiante.
Raios as partam.
Ainda fazia tenções de apresentar a alguém mas não vale a pena. Só dizem mal. Não percebem como é que eu posso estar bem! Mas que raio , como é que aquela filha da mãe , está bem, as miúdas estão óptimas e ainda namora?

Sabem porquê?

Porque de facto eu era uma má pessoa quando era invejosa. Quando , na minha frustação de ser infeliz desejava que os outros estivesssem mal e quando estavam sentia uma verdadeira pena deles e uma alegria mal contida de poder ajudar alguém com problemas. Era uma Santa nessa altura.
Agora , já não estou frustada, sou muito feliz e não tenho inveja de ninguém. Quando alguém está mal, fico mesmo danada de aflita e FAÇO mesmo qualquer coisa. Não fico a choramingar.
Hoje sou uma pessoa melhor. E por isso não posso mentir : não gosto de vocês, mulheres invejosas da minha vida. São as mulheres mais feias e menos sexys que conheço.

Sabem o que eu precisava? Era que me perguntassem se ele paga, se eu precisava de alguma coisa, de ajuda, de dinheiro. Não têm esse dever, mas fazia-me mais falta do que comentários sobre os meus namorados. Ou sobre, como ele é boa pessoa. Disso, sei eu e as minhas filhas, melhor que ninguém.

E....quando eu um dia soçobrar, tiver um AVC ou um cancro, vão dizer, ahh! afinal não foi tudo cor de rosa, estava a ver se aquela gaja saía bem nisto tudo. E agora? como vai ela fazer? É o namorado que a vai ajudar? Coitadinhas das meninas sempre foram umas infelizes. Mas....eu terei amigas e amigos. E claro em primeiro lugar as minhas filhas. Se elas não puderem , não sou mais que os outros.

Como dizia no outro dia, se acabar a viver com um companheiro o mais certo é ser eu a tratar dele ( é o comum) mas se for eu a ficar incapacitada 1º sou largada rápidamente num lar ranhoso , pois um homem coitado como conseguiria?

Não, não estou ressentida, muito ao contrário. Acho que estou é lúcida.