quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O não-compromisso.

Ah! Irra! Até que enfim!.
Ouvi o Júlio Machado Vaz de raspão na rádio e à medida que eu respondi às questões da Inês, o Júlio respondia ou em cima ou emparelhado às minhas respostas.
É esta coisa do não compromisso que me encaganita!!
Do, "manter a minha liberdade"!!
Pois , caneco, eu também gosto de ter alguma liberdade, mas, detesto esta época em que vivemos. É a sociedade individualista, egoísta, hedonista ( como eu odeio esta palavra) e não se querem compromissos.
Não. Não falo em pedidos de namoro ou de casamento. Isso, LOL, nem pensar! Que careta!
Eu , revolto-me é que já nem se pode abrir a boca e dizer se gosto ou não. Se estou apaixonada ou não.

É o não compromisso dos afectos!!!!

Não ! E Não!
Direi e expressarei o que sinto.
Se ouvir, "cuidado não te apaixones por mim" ou " estou numa de hedonista, de liberdade", ouvirei ( :-)), mas vou sentir-me cansada.
Porque não passam de palavras ocas. Desesperadas. De gente adulta. Mas que ainda não está bem na sua maturidade. De quem não quer viver em plenitude.

De facto, ao comprometer-me, não posso comprometer-me com outra pessoa , é certo.
Mas assim também não construirei nada. Nem com essa pessoa, nem com outra.
É tão bom adquirir intimidade. E vê-la crescer e cimentar. Não há nada melhor.

Embora para a maior parte das pessoas, esta intimidade ou privacidade implica perda de poder , de controlo.
Batatas!

Isso é que é viver. E amar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Canção Per Beth

Ai , que bom, ai que bom.
Botas pretas, brilho a couro, cano bem alto e salto alto e grosso.
Gangas compridas só a deixar ver o bico das botas.
Beijar-te.
Uma busa sexy um colar comprido, de metal.
Comprar um puff de couro castanho ou preto, quadrado ou circular.
Estar unida a ti.
Comprar um soutien desgraçadamente picante e umas cuecas que não são cuecas.
Poder cheirar-te.
Ver um homem bonito a olhar-me com admiração.
Fingir que te vou dar uma palmada e tu encolheres-te a rir.
Puxar a minha filha pela rua abaixo e ela a rir , quase sufocada, a adorar.
Sentir a tua voz macia e doce comigo.
Encostar-me à umbreira do quarto e fazer sorrir sem ela querer, a minha filha mais velha.
Ver como arrumo bem a casa, como é acolhedora e funciona.
Ver tantas coisas que te quero comprar e não comprar nada.
Abraçar um gato ou um cão de encontro a mim e sentir a paralisação de prazer do bichano.
Dar-te o teu queijo favorito.
Sentir-me corar quando um galã me dá a mesa de um restaurante para mim e para as minhas filhas.
Rir-me ao rir com alguém que ri de alguma borrada que fiz.
Apertar-te, querer segurar-te.
Eu já não era tua, agora também não sou.
Foi-se a minha privacidade : dantes saía da minha para ir para a nossa.
Agora saio da minha para não ir para a nossa.
Ouvir as tuas convicções, já entarmeladas pelo álcool.
Olhar os teus olhos, à procura de algo onde se prendam, numa tecla, num fio de fumo, como a uma tábua um naúfrago, que sem ver a costa se pergunta se se deve deixar ir, escorregando, ou ficar fincando os dedos.
Estremecer a ouvir-te, a pensar que nem sonhas nem imaginas como estou a gostar de ti naquele momento. E nada dizer.
Ai, que bom, ai que bom.
Pensar em cada um dos meus amigos.
Querer correr para o pé deles.
Telefonar-lhes.
Escrever-lhes.
Quero aprender a cantar.
Ai, que bom, ai que bom..........

Canção Per Elisa

Aproximo-me de ti , os meus olhos por vezes não te conhecem.
A distância desfoca, mantém a aura, o mistério.
Os meus olhos não se dão com os meus ouvidos.
Ouço e não gosto, e o que vejo é tão bom.
Logo a seguir o que vejo, desanima, mas o que ouço ao ouvido, leva-me aos pulos pela rua fora.
E a mente, porque não se coordena com os olhos e com os ouvidos ?
Que cansaço, ter que "ver" com a cabeça.
Ó mente!
Ou mente.
Ou desmente.
Não sei o que me alimente.
O amor que dou plenamente.
Fico plena, embora haja aperto na boca do estômago e o coração palpita.
Ou o que recebo ( recebo?) quase imperceptívelmente?
Fico com fome, quero sentir o estômago, atiro comida pela boca adentro.
Quero perguntar, quero retorquir, quero estar ao mesmo nível, mas sou mantida sempre à distância.
A distância varia consoante a situação impôe.
Amiga.
Amante.
Amiga.
Amante.
E assim por adiante, sem haver coragem.