terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Tailândia



Dizia uma amiga minha que queria ir viver para a Tailândia. Nunca mais de lá saía. Que lá é o paraíso.
Que as pessoas não ligam a bens materiais e que olham nos olhos e adoram conversar e ...estar.
Simplesmente. A gozar aquele dia.

Não é preciso um sofá. Basta um tronco de madeira. Roupas. Um quadrado grande de tecido é suficiente. E, o resto, vocês sabem.

Mas o que a ela escapou, foi a razão porque as pessoas são assim. Aquele paraíso , esconde um inferno. É pois o sítio do juízo final. Aquela simplicidade das pessoas vem do seu sofrimento. Sorriem, porque estão vivas hoje. Não querem bens materiais porque estão sempre a perdê-los, bem como aos entes queridos. Talvez por isso tenham um carinho especial pelos turistas.

Não vale a pena fugir para um sítio onde o nosso sofrimento é amenizado face ao dos outros.
Isso não é o Paraíso. Ou, é querer ajudar e portanto ser útil e isso é de louvar ou, então, é querer ser alguém em terra de sobreviventes.

O Processo



Meteram-nos um processo em tribunal. Primeiro obrigaram-nos a inscrever na Ordem ( tal como na Ordem dos Engenheiros) e depois de termos que ir a algumas conferências, disseram-nos que para exercermos as nossas profissões temos que pagar uma enormidade, que não conseguia sequer por empréstimo, nem sequer encontramos fiador. Desta foema não podemos trabalhar. Ficam então os previligiados e os trabalhadores da favela que vievem sempre perto dos ricos e que tem a sorte de não ter estauto nem profissão.

Diz a história que aqueles a quem põem de parte são os sobreviventes e os que melhor se adaptam e que com esplendor encontram soluções de verdadeiro progresso. Por isso gostava de sair deste Processo. e ficar ostracizada. Aí tínhamos que nos voltar para nós, comprometermo-nos uns com os outros e, o que eu acharaia fantástico, encontrarmos parceiros por esse mundo com os quais nunca sequer imaginámos estabelecer relações.

E concentarmo-nos no que temos. Voltar a ter terra e mar. Plantar e colher. Legumes novos. Fruta nova. Ajudar os peixes a desenvolverem-se . Navios novos.

E construir um fábrica para sermos mais autónomos.
Aqui deixo uma nota. Hoje em dia a China e os EUA são os maiores poluidores do mundo pois usam carvão. Pensem agora sobre o petróleo de outra forma. Mais positiva.

Diz o Caribu que eu tenho muitas ideias mas que não sei. Eu acho que tenho algumas ideias e que sei alguma coisa. O que faço muitas vezes à revelia é que passo algum do meu tempo a pensar. Hoje não querem . Temos que pensar muito rápido e, já desesperados porque presssionados, acabamos por aceitar pensar o qua alguém já pensa, ou a maioria.
É chato.

Leiam a "Física do Futuro".
É a humanização no que diz respeito à saude e ao ensino. É a desumanização porque cada vez mais se individualiza.

Que graça tem?

És inteligente? És sonhador? ÉS?

Cada vez gosto mais das minhas filhas. São tantas coisas....O que me assusta , para além de andarem de carro, é o facto de verificar que quando começam a sair de casa para ir ter com os amigos, cada vez falo menos com elas. Assim, há que arranjar um jantar, uma ida a comprar nem que seja umas cuecas, mas, um momento só nosso, onde podemos estar caladas, a observarmo-nos, a gostarmos. E quando falamos, falamos, e quando rimos , rimos. Mas nada é obrigatório. Aceitamos assim. E assim notamos o quanto gostamos umas das outras. A Madalena cresce. Está a ficar giríssima como eu suspeitava. Não tem a beleza da irmã, isso notei logo quando nasceu, mas tem uma figura que atrai todos os olhares. Está alta, veste-se com muita pinta e tem uma cara realmente gira.
E depois a maneira de ser é muito cativante. O estudar é muito diferente. Mantem a sua dignidade, com uns cadernos exemplares, os trabalhos sempre a horas. Estudar? Só nas vésperas dos testes.
Eu fico desorientada , aflita, como posso encarrileira-la? Mas depois sento-me no banco da cozinha e penso como gosto dela, que me devo acalmar porque jé reparei que ela não é inconsciente, antes pelo contrário. E depois ela é feliz. Quem é de facto mais inteligente? Cada um à sua maneira, busca o seu sentido de vida.

Olhando para elas, olho para mim. Não me tem apetecido namorar. Primeiro, nunca as incluía nos namoros. Na última vez, incluí. Mas não gostei. Não quero justificar nada no que diz respeito a atitudes ou ao que dizem as minhas filhas. Só alguém que as aceite e goste exactamente como são. Poderia haver alguém assim, mas essa pessoa é muito egoísta. Dessa forma estou melhor sózinha, do que com uma pessoa muito egoísta, pois só iria ser infeliz assim. Acha-me muita piada, mas só quando não tem mais ninguém, e, acho que ainda hoje nem sabe de que terra sou, nem tão puco alguma vez leu o meu blogue ou pensou sequer em assistir a um concerto do coro que frequento.

Ainda tentei outro namoro, mas era uma pessoa que precisava de estar sózinha pois tinha muito pouco tempo para ele próprio. Era um viajante.

Hoje luto. Não consigo sair com ninguém. Pergunto à minha melhor amiga, "fiz bem?", e ela acena com a cabeça com veemência. Não lhe restam duvidas. A mim também não, mas nas alturas em que me sinto sózinha, acho que seria giro estar com um companheiro permanente. Desde que não ocupasse o meu espaço. Lá está!

Tem que ser um homem bonito. Muito bonito. Isso tenho decidido. Depois que goste de mim , o suficiente para sentir a minha falta. Não porque sou necessária na vida social dele, mas porque ele se sente mais feliz na minha presença.

Bom, é isso, vou voltar a emagrecer e vou voltar a sonhar. É engraçado.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sr Anibal

Quando o vi ontem deitado para sempre não me contive. Tudo o que tinha contido saiu. Eu não queria mas senti a sua perda como um pai. Foram muitos anos de convívio, de algumas cumplicidades e, de ajuda a criar as minhas filhas. Sempre o vi a ajudar-me no funeral dos meus pais, nunca pensei que fosse primeiro.
Muita gente me critica, agora não , talvez mais tarde, mas, perante a morte, muitas coisas acontecem de que não estávamos à espera. Não estava à espera de sentir tanto a sua perda. Não estava à espera que a Susana não reagisse. Que as minhas filhas não soubessem o que dizer ao pai. Que não tenham, sentido necessidade de falar com ele. Nunca pensei que a única pessoa com quem pude chorar foi a minha filha Madalena, que percebeu o quanto estou abalada. Nunca pensei que fosse a minha cunhada Cristina a perguntar como é que eu estava e se precisava de ajuda.
A minha filha Susana penso que sentiu que toda "aquela gente que iria ao funeral" não tinha nada a ver com ela e com o Avô. Como se não percebesse que ele tinha vida social para além dela. Ela sofre e, não sabendo ajudar o pai, também não percebe porque o pai não lhe disse umas palavras de aconchego.
Eu desde cedo as preveni, lhes disse que era dar mimos ao Avô , pois mais nada haveria a fazer.
Mas foi muito depressa . Muito rápido. Morreu muito novo. E morreu mal, como se na doença também precisássemos de ter sorte.
E a minha colega Cristina disse , tens direito a dias de luto, e de facto sinto-me de luto. Mas nem tenho a desculpa de a minha filha mais velha ir ao funeral. E sei que o Carlos não gostaria de me ver. E o pai é dele.
Peço desculpa. Não é por ter medo. Mas também não é por me querer mostrar à família.
Bastou-me tê-lo visto tombado. Vou ajudar a avó das minhas filhas. Visitá-la mais.

Não me apetece nada.